Como um americano no biatlo, Tim Burke está acostumado a ser ignorado pelos fãs mais apaixonados do esporte.
Seus rivais alemães e noruegueses são celebridades em seus países de origem, onde o biatlo é transmitido ao vivo na televisão e as competições atraem até 30 mil espectadores. Na Alemanha, ele é talvez melhor conhecido como o namorado de Andrea Henkel, a duas vezes ganhadora da medalha de ouro na Olimpíada.
Por isso, quando Burke ficou em primeiro lugar na classificação para a Copa do Mundo na semana passada - a primeira vez em que um americano realizou esse feito -, sua conquista surpreendeu a base de fãs predominantemente europeia do esporte.
"Eles sempre estiveram no topo desses esportes", Burke disse por telefone esta semana de Oberhof, Alemanha. "Acho que seria como nossa equipe de basquete olímpica sendo derrotada pelos alemães. Não acho que teria um efeito muito bom em casa."
Nos Estados Unidos, no entanto, a conquista de Burke está sendo saudada como a culminação de um plano originado há quatro anos para transformar os americanos em competidores de nível internacional. Auxiliado por uma injeção de dinheiro do Comitê Olímpico dos EUA, o U.S. Biathlon, órgão diretivo do esporte, realizou mudanças tão importantes quanto a contratação de um novo treinador-chefe e tão aparentemente triviais quanto a reformulação da maneira pela qual os atletas seguram seus rifles.
Agora, os líderes da equipe dizem esperar que a temporada espetacular de Burke impulsione a equipe a se tornar os primeiros americanos a ganhar medalhas olímpicas no biatlo.
"O tipo de desempenho consistente e forte que Tim teve nesta temporada realmente nos dá mais confiança do que jamais tivemos", disse Max Cobb, diretor executivo do U.S. Biathlon. "Acho que o que estamos vendo agora é a culminação de quatro anos de esforço realmente concentrado."
A ação de mudar o planejamento do esporte começou após o encerramento das Olimpíadas de Inverno de 2006, em Turim, Itália, onde os americanos chegaram duas vezes tentadoramente perto de ganhar uma medalha. Jay Hakkinen teve chance de ganhar o bronze na corrida individual de 20 quilômetros, mas errou um alvo por uma fração e terminou em décimo lugar. Depois, Hakkinen brevemente se manteve em primeiro lugar no revezamento, mas seus companheiros ficaram para trás e os americanos terminaram em nono lugar.
Apesar do desempenho decepcionante, a equipe mostrou promessa, disse Mike English, chefe de desempenho esportivo do Comitê Olímpico dos EUA.
"Podíamos ver que eles estavam passando por uma mudança muito necessária e que eles tinham um plano bom e convincente", ele disse.
Desde 2006, o comitê olímpico aumentou o financiamento do U.S. Biathlon de US$ 250 mil, no ano anterior aos Jogos de Turim, para US$ 1 milhão neste ano, Cobb disse. A receita total do órgão diretivo aumentou de US$ 1 milhão para cerca de US$ 2 milhões ao longo do mesmo período.
Uma das primeiras medidas de Cobb foi contratar Per Nilsson, da Suécia, como treinador-chefe. Outros europeus logo se juntaram a ele, incluindo técnicos de esqui da Alemanha e República Tcheca. Cobb também promoveu Bernd Eisenbichler, um alemão que havia sido o técnico-chefe de esqui da equipe, para diretor de alto desempenho.
Nilsson disse que os americanos não eram necessariamente deficientes no tiro ao alvo ou esqui cross-country, os dois elementos do esporte. "Eles eram bons em ambos, mas não bons o suficiente em nenhum deles para estarem no topo", disse Nilsson. "Vimos que tínhamos trabalho a fazer, com certeza."
Para Burke, a mudança representou uma nova oportunidade de ganhar reconhecimento após uma série de contratempos. Em 2002, Burke passou por uma cirurgia no quadril para corrigir uma condição degenerativa que, segundo os médicos, poderia pôr um fim à sua carreira. Em 2004, ele teve mononucleose e ficou fora da temporada. E, nos Jogos de Turim, ele não conseguiu terminar entre os 30 primeiros em nenhum dos três eventos nos quais competiu.
Burke, que tem 27 anos e cresceu nos arredores de Lake Placid, Nova York, sempre se destacou no esqui. Mas como outros membros da equipe, seu tiro ao alvo às vezes era precário. Assim, em abril, os líderes de equipe fizeram uma mudança final: eles contrataram Armin Auchentaller, ex-treinador da equipe masculina da Itália, como treinador de tiro.
Auchentaller começou adotando um olhar renovado sobre cada movimento que os atletas faziam enquanto passavam do esqui cross-country para o tiro - um momento crucial na corrida porque os competidores precisam diminuir seu batimento cardíaco e se posicionar para acertar três tiros em um alvo a 50 metros de distância.
Burke mudou sua rotina de transição e praticou os movimentos como se fossem coreografados. "Praticava 100 vezes por dia", ele disse. "Fazia as transições quando estava no meu apartamento, com meus olhos fechados."
Desde a chegada de Auchentaller, os americanos diminuíram cerca de um a dois segundos em cada transição, uma melhora que pode reduzir até 15 segundos nas corridas mais longas. Esses segundos podem colocar um competidor de sete a oito posições na frente.
Considerando o ajuste relativamente simples, "Estou surpreso pelo número de equipes que não estão trabalhando nisso", Burke disse. Mas considerando seu sucesso esta temporada, ele reconheceu que algumas equipes possam tentar acompanhar o ritmo. "Na verdade, talvez durante a pausa para o Natal", ele disse.
Apesar do sucesso recente de Burke, Cobb e outros alertam que o biatlo é um esporte notoriamente imprevisível. "É parecido com a rebatida no beisebol; as pessoas disparam", Cobb disse. "Realmente não é incomum alguém estar no pódio um dia e ficar em 35º no dia seguinte."
É isso que faz da liderança de Burke na categoria tão significativa, disse Eisenbichler, o diretor de alto desempenho. "Isso não aconteceu depois de uma ou duas corridas, mas sim depois de sete corridas e de um terço de toda a temporada da Copa do Mundo", ele disse. "Isso foi um passo muito importante para Tim, para mostrar que ele é um biatleta de nível internacional."
Seus rivais alemães e noruegueses são celebridades em seus países de origem, onde o biatlo é transmitido ao vivo na televisão e as competições atraem até 30 mil espectadores. Na Alemanha, ele é talvez melhor conhecido como o namorado de Andrea Henkel, a duas vezes ganhadora da medalha de ouro na Olimpíada.
Por isso, quando Burke ficou em primeiro lugar na classificação para a Copa do Mundo na semana passada - a primeira vez em que um americano realizou esse feito -, sua conquista surpreendeu a base de fãs predominantemente europeia do esporte.
"Eles sempre estiveram no topo desses esportes", Burke disse por telefone esta semana de Oberhof, Alemanha. "Acho que seria como nossa equipe de basquete olímpica sendo derrotada pelos alemães. Não acho que teria um efeito muito bom em casa."
Nos Estados Unidos, no entanto, a conquista de Burke está sendo saudada como a culminação de um plano originado há quatro anos para transformar os americanos em competidores de nível internacional. Auxiliado por uma injeção de dinheiro do Comitê Olímpico dos EUA, o U.S. Biathlon, órgão diretivo do esporte, realizou mudanças tão importantes quanto a contratação de um novo treinador-chefe e tão aparentemente triviais quanto a reformulação da maneira pela qual os atletas seguram seus rifles.
Agora, os líderes da equipe dizem esperar que a temporada espetacular de Burke impulsione a equipe a se tornar os primeiros americanos a ganhar medalhas olímpicas no biatlo.
"O tipo de desempenho consistente e forte que Tim teve nesta temporada realmente nos dá mais confiança do que jamais tivemos", disse Max Cobb, diretor executivo do U.S. Biathlon. "Acho que o que estamos vendo agora é a culminação de quatro anos de esforço realmente concentrado."
A ação de mudar o planejamento do esporte começou após o encerramento das Olimpíadas de Inverno de 2006, em Turim, Itália, onde os americanos chegaram duas vezes tentadoramente perto de ganhar uma medalha. Jay Hakkinen teve chance de ganhar o bronze na corrida individual de 20 quilômetros, mas errou um alvo por uma fração e terminou em décimo lugar. Depois, Hakkinen brevemente se manteve em primeiro lugar no revezamento, mas seus companheiros ficaram para trás e os americanos terminaram em nono lugar.
Apesar do desempenho decepcionante, a equipe mostrou promessa, disse Mike English, chefe de desempenho esportivo do Comitê Olímpico dos EUA.
"Podíamos ver que eles estavam passando por uma mudança muito necessária e que eles tinham um plano bom e convincente", ele disse.
Desde 2006, o comitê olímpico aumentou o financiamento do U.S. Biathlon de US$ 250 mil, no ano anterior aos Jogos de Turim, para US$ 1 milhão neste ano, Cobb disse. A receita total do órgão diretivo aumentou de US$ 1 milhão para cerca de US$ 2 milhões ao longo do mesmo período.
Uma das primeiras medidas de Cobb foi contratar Per Nilsson, da Suécia, como treinador-chefe. Outros europeus logo se juntaram a ele, incluindo técnicos de esqui da Alemanha e República Tcheca. Cobb também promoveu Bernd Eisenbichler, um alemão que havia sido o técnico-chefe de esqui da equipe, para diretor de alto desempenho.
Nilsson disse que os americanos não eram necessariamente deficientes no tiro ao alvo ou esqui cross-country, os dois elementos do esporte. "Eles eram bons em ambos, mas não bons o suficiente em nenhum deles para estarem no topo", disse Nilsson. "Vimos que tínhamos trabalho a fazer, com certeza."
Para Burke, a mudança representou uma nova oportunidade de ganhar reconhecimento após uma série de contratempos. Em 2002, Burke passou por uma cirurgia no quadril para corrigir uma condição degenerativa que, segundo os médicos, poderia pôr um fim à sua carreira. Em 2004, ele teve mononucleose e ficou fora da temporada. E, nos Jogos de Turim, ele não conseguiu terminar entre os 30 primeiros em nenhum dos três eventos nos quais competiu.
Burke, que tem 27 anos e cresceu nos arredores de Lake Placid, Nova York, sempre se destacou no esqui. Mas como outros membros da equipe, seu tiro ao alvo às vezes era precário. Assim, em abril, os líderes de equipe fizeram uma mudança final: eles contrataram Armin Auchentaller, ex-treinador da equipe masculina da Itália, como treinador de tiro.
Auchentaller começou adotando um olhar renovado sobre cada movimento que os atletas faziam enquanto passavam do esqui cross-country para o tiro - um momento crucial na corrida porque os competidores precisam diminuir seu batimento cardíaco e se posicionar para acertar três tiros em um alvo a 50 metros de distância.
Burke mudou sua rotina de transição e praticou os movimentos como se fossem coreografados. "Praticava 100 vezes por dia", ele disse. "Fazia as transições quando estava no meu apartamento, com meus olhos fechados."
Desde a chegada de Auchentaller, os americanos diminuíram cerca de um a dois segundos em cada transição, uma melhora que pode reduzir até 15 segundos nas corridas mais longas. Esses segundos podem colocar um competidor de sete a oito posições na frente.
Considerando o ajuste relativamente simples, "Estou surpreso pelo número de equipes que não estão trabalhando nisso", Burke disse. Mas considerando seu sucesso esta temporada, ele reconheceu que algumas equipes possam tentar acompanhar o ritmo. "Na verdade, talvez durante a pausa para o Natal", ele disse.
Apesar do sucesso recente de Burke, Cobb e outros alertam que o biatlo é um esporte notoriamente imprevisível. "É parecido com a rebatida no beisebol; as pessoas disparam", Cobb disse. "Realmente não é incomum alguém estar no pódio um dia e ficar em 35º no dia seguinte."
É isso que faz da liderança de Burke na categoria tão significativa, disse Eisenbichler, o diretor de alto desempenho. "Isso não aconteceu depois de uma ou duas corridas, mas sim depois de sete corridas e de um terço de toda a temporada da Copa do Mundo", ele disse. "Isso foi um passo muito importante para Tim, para mostrar que ele é um biatleta de nível internacional."
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