O jovem, usando óculos escuros e uma camiseta antiga do Juventus, entra no estádio Conde Rodolfo Crespi, na Rua Javari, e caminha diretamente em direção a dois bustos localizados na entrada do campo do Juventus. Um dos bustos é de Pelé, que é solenemente ignorado pelo rapaz. Quando chega ao outro, ele para, diz alguma coisa nos ouvidos de bronze do "professor" Clóvis - mitológico jogador do Clube Atlético Juventus das décadas de 50 e 60 -, beija sua testa e parte para a arquibancada.
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» A Setor 2, a tradição e o Pelé
Esse é o ritual cumprido por Fernando Toro antes da cada partida na Rua Javari. Ele é o fundador da Setor 2, torcida organizada do Juventus da Mooca criada em 2001. O lema da Setor 2 vem estampado nas roupas e impresso nas vozes dos incansáveis integrantes da torcida: "Ódio eterno ao futebol moderno". No entanto, a questão é que todos eles, sem exceção, são jovens de no máximo 25 anos. O tal ritual feito por Toro dá a medida da mística e da tradição que eles procuram resgatar.
"O futebol moderno acaba com a resistência das pessoas, desintegra as torcidas. Nós somos um foco de resistência", diz Toro. Para ele, até mesmo as torcidas foram institucionalizadas pelos grandes clubes e pelas suas administrações de mercado. "As torcidas passaram a entrar na onda dos clubes e da mídia. Vaiam os jogadores no campo, não deixam o cara jogar. Torcedor tem que apoiar o tempo todo, o que está ali é uma camisa, não um jogador. Você tem que amar o cara que veste sua camisa dentro do campo, naquela hora em que ele está ali jogando. Depois, fora, pode odiar", explica.
Para a Setor 2, combater o futebol moderno não é apenas lutar contra a infiltração de grandes empresários nos clubes, manobras eleitoreiras, corrupção entre os cartolas e jogadores mais compromissados com a mídia do que com a camisa que defendem. O que os incomoda está principalmente dentro do campo, na própria maneira de se jogar.
Segundo eles, a imprensa criou uma espécie de jogador modelo que dá certo. "O cara já entra em campo pensando em fazer aquela finta que ele sabe que vai funcionar na televisão, que os comentaristas vão elogiar", diz Toro. "O futebol não pode ser confundido com o mundo real. Existe uma moral dentro do campo e outra fora", explica. Com isso, ele quer dizer que acredita que dentro das quatro linhas é válido provocar, catimbar e jogar como se "fosse uma guerra".
Como exemplo, há sempre o Maradona, idolatrado por eles - o do Nápoli mais do que o da seleção argentina. Outro que é citado como representante desse movimento é Kléber, do Cruzeiro, "demonizado pela imprensa". O lado oposto, negativo e "chato" seria o Kaká, representante de um futebol "corporativo".
Toro lembra que a Setor 2 não é exatamente contra a circulação do dinheiro no futebol. O que eles combatem é a forma como ele é utilizado, o fato do lado financeiro prevalecer sobre todos os outros inúmeros aspectos que rondam o esporte. "Não somos contra patrocínio na camisa, por exemplo. Sabemos que isso seria um absurdo. Só não queremos que o clube tenha S.A ou Ltda no final do seu nome", conta.
De acordo com Felipe Trafani, 25, um dos líderes da torcida, não há cartilha, filiação ou carta de intenção para ser passada aos novos integrantes. "Não faz sentido ter nada disso. Quem quiser é só chegar e nós vamos passando a ideia da coisa. É um movimento natural", explica, contando que a mesma iniciativa contra a modernização do futebol existe na Itália e na Inglaterra.
Os integrantes da Setor 2 convivem com os rótulos de radicais ou românticos. E tem uma resposta pronta para rebater. "Em um país em que ninguém mexe um dedo, quem mexe meio é radical. Na verdade nós continuamos e o futebol parou", finaliza Toro.
Atualmente o Juventus está disputando a Copa Paulista, que dá direito a uma vaga na Copa do Brasil em 2010, e é líder de seu grupo. Porém, este ano o clube viveu um de seus piores momentos, quando caiu para a Série A3 do Campeonato Paulista.
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Esse é o ritual cumprido por Fernando Toro antes da cada partida na Rua Javari. Ele é o fundador da Setor 2, torcida organizada do Juventus da Mooca criada em 2001. O lema da Setor 2 vem estampado nas roupas e impresso nas vozes dos incansáveis integrantes da torcida: "Ódio eterno ao futebol moderno". No entanto, a questão é que todos eles, sem exceção, são jovens de no máximo 25 anos. O tal ritual feito por Toro dá a medida da mística e da tradição que eles procuram resgatar.
"O futebol moderno acaba com a resistência das pessoas, desintegra as torcidas. Nós somos um foco de resistência", diz Toro. Para ele, até mesmo as torcidas foram institucionalizadas pelos grandes clubes e pelas suas administrações de mercado. "As torcidas passaram a entrar na onda dos clubes e da mídia. Vaiam os jogadores no campo, não deixam o cara jogar. Torcedor tem que apoiar o tempo todo, o que está ali é uma camisa, não um jogador. Você tem que amar o cara que veste sua camisa dentro do campo, naquela hora em que ele está ali jogando. Depois, fora, pode odiar", explica.
Para a Setor 2, combater o futebol moderno não é apenas lutar contra a infiltração de grandes empresários nos clubes, manobras eleitoreiras, corrupção entre os cartolas e jogadores mais compromissados com a mídia do que com a camisa que defendem. O que os incomoda está principalmente dentro do campo, na própria maneira de se jogar.
Segundo eles, a imprensa criou uma espécie de jogador modelo que dá certo. "O cara já entra em campo pensando em fazer aquela finta que ele sabe que vai funcionar na televisão, que os comentaristas vão elogiar", diz Toro. "O futebol não pode ser confundido com o mundo real. Existe uma moral dentro do campo e outra fora", explica. Com isso, ele quer dizer que acredita que dentro das quatro linhas é válido provocar, catimbar e jogar como se "fosse uma guerra".
Como exemplo, há sempre o Maradona, idolatrado por eles - o do Nápoli mais do que o da seleção argentina. Outro que é citado como representante desse movimento é Kléber, do Cruzeiro, "demonizado pela imprensa". O lado oposto, negativo e "chato" seria o Kaká, representante de um futebol "corporativo".
Toro lembra que a Setor 2 não é exatamente contra a circulação do dinheiro no futebol. O que eles combatem é a forma como ele é utilizado, o fato do lado financeiro prevalecer sobre todos os outros inúmeros aspectos que rondam o esporte. "Não somos contra patrocínio na camisa, por exemplo. Sabemos que isso seria um absurdo. Só não queremos que o clube tenha S.A ou Ltda no final do seu nome", conta.
De acordo com Felipe Trafani, 25, um dos líderes da torcida, não há cartilha, filiação ou carta de intenção para ser passada aos novos integrantes. "Não faz sentido ter nada disso. Quem quiser é só chegar e nós vamos passando a ideia da coisa. É um movimento natural", explica, contando que a mesma iniciativa contra a modernização do futebol existe na Itália e na Inglaterra.
Os integrantes da Setor 2 convivem com os rótulos de radicais ou românticos. E tem uma resposta pronta para rebater. "Em um país em que ninguém mexe um dedo, quem mexe meio é radical. Na verdade nós continuamos e o futebol parou", finaliza Toro.
Atualmente o Juventus está disputando a Copa Paulista, que dá direito a uma vaga na Copa do Brasil em 2010, e é líder de seu grupo. Porém, este ano o clube viveu um de seus piores momentos, quando caiu para a Série A3 do Campeonato Paulista.
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