Para dirigente, queda do Vasco era inevitável

O ex-presidente do Vasco, Eurico Miranda, nunca perde uma oportunidade de atacar a administração de Roberto Dinamite, seu maior desafeto. Chegou até a parabenizá-lo, ironicamente, pelo rebaixamento. Mas, para o presidente de honra do clube, Antônio Soares Calçada, mesmo com Eurico no poder, a queda para a Série B seria inevitável.

"O Vasco seria rebaixado, fosse quem fosse o presidente, porque o time era muito fraco. No elenco todo, só havia três ou quatro jogadores que ainda se salvavam", disparou Calçada.

Emocionado, o ex-dirigente admitiu que o trágico destino do Vasco já estava traçado para 2009. "Milagres no futebol não existem. Aquele time não merecia permanecer na Série A. Como uma equipe que leva 72 gols num campeonato que tem 38 rodadas pode permanecer na elite do futebol brasileiro?", indagou.

Embora "criador" de Eurico Miranda como dirigente - graças a ele, o maior desafeto de Dinamite galgou poder, em São Januário, até chegar à presidência -, Calçada discorda da forma veemente com que Eurico se dirige ao atual presidente.

"Já pedi a ele (Eurico) para esquecer essas coisas que não levam a nada. Não importa quem seja o presidente, o Manuel, o Joaquim, temos é que ajudar o Vasco a se reerguer", recomendou o presidente de honra.

Se depender de Calçada, o drama do rebaixamento do Vasco para a segunda divisão será capaz de unir, definitivamente, situação e oposição, em São Januário.

"Meu partido é o Vasco e o mais importante, no momento, é os grandes vascaínos se unirem para tirar o clube dessa situação já no ano que vem", disse Calçada, que apoiou Eurico nas eleições deste ano.

Aos 84 anos e com a experiência de quem comandou o clube durante 18 anos, de 1983 a 2001, o ex-presidente dá uma dica a Roberto.

"Ele tem que incrementar o quadro social, fazer uma grande campanha para trazer o sócio de volta ao clube. Comigo na presidência, o Vasco tinha a média de 20 mil sócios em dia. Com o dinheiro das mensalidades, dava para pagar os salários de todos os funcionários e ainda sobrava dinheiro para pagar parte dos salários do futebol", ensina ele, já que, atualmente, pouco mais de 900 sócios estão em dia com as mensalidades.

"Além disso, é fundamental que o Roberto profissionalize todo o departamento do futebol. Hoje em dia, é assim que os grandes clubes são administrados, com profissionais remunerados para melhor exercerem suas funções", entende Calçada.

O ex-dirigente critica o que classifica de "indiferença" do Clube dos 13 pelo fato de o time ter sido rebaixado. O Vasco está sendo punido com um prejuízo de R$ 15 milhões, metade da cota de televisão, de R$ 30 milhões, que os grandes clubes receberão para disputar a Série A.

"O Vasco já ajudou, e muito, os grandes clubes, como o Flamengo, o Botafogo, o Fluminense, até evitando que o time tricolor fosse rebaixado, há alguns anos. Merece, também, o apoio de todos, ainda mais num momento difícil como esse".

Sobre o novo elenco, Calçada adverte que o Vasco precisará ter, pelo menos, três jogadores de qualidade. "E não se pode ficar pensando só na conquista do título da Série B, que vai começar depois. É preciso iniciar o ano já tendo como objetivo a conquista do título estadual", avisa Calçada, lembrando que o Vasco não ganha um título desde 2003.

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